sábado, 10 de julho de 2010

As novas mídias na copa

A internet está sempre crescendo, assim como sua influência. Esta Copa do Mundo de futebol 2010, na África do Sul, é a copa mais "virtual" até agora, é natural, como provavelmente a copa de 2014, no Brasil, terá um envolvimento ainda maior com a internet. essa é a primeira copa com Twitter, por exemplo, a primeira copa com uma ferramente realmente rápida de comunicação operando a todo vapor. Os tradicionais meios de mídia sentem a mudança, mesmo que o espectador regular que não tem Twitter ou não utiliza a internet não sinta. O mais tradicional meio de transmissão da Copa do Mundo sabidamente é a Rede Globo.
A Rede Globo de Televisão, com seus 45 anos de existência e de transmissão de Copa do Mundo de futebol, gosta de dizer que tem tradição, ou ao menos mostrar isso. O mesmo narrador: Galvão Bueno; os mesmo comentarista de arbitragem: Arnaldo César Coelho, e por aí vai. Tendo a Globo tantos anos de influência no Brasil é certo que ela contribuiu para construir a imagem de "país do futebol". As transmissões da Globo de Copas do Mundo fizeram o Brasil vibrar há muitos anos e o mesmo continua acontecendo. Certas pessoas, quando lembram de um gol do Brasil, lembram inclusive da narração de Galvão Bueno. Sua tradição é inegável, e ameaças a ela são sentidas.
Esse ano, três fatores principais envolvendo a Rede Globo, internet e Copa do Mundo aconteceram: as campanhas "cala boca Galvão" e "dia sem Globo" e as reações contra as críticas que a Globo fez ao técnico Dunga. As campanhas, que aconteceram no Twitter, são interessantes de serem notadas porque são uma clara reação a tradição da Globo na copa, o que ela mais preza — "chega de Galvão", "chega de Globo na copa", diziam os twitteiros. O incidente com o técnico Dunga é particularmente interessante. A Rede Globo fez duras críticas ao técnico após este dar claras demonstrações de que não gostava da interferência da mídia com os jogadores da seleção. Segundo o programa Ooops! UOL Copa do Mundo 2010, a Globo sempre teve privilégios em coberturas, inclusive na copa. O técnico Dunga, entretanto, não liberou jogadores para exclusivas nem os deixou sair da concentração. Respondeu que eles não estariam descansando fora da concentração, pois os repórteres estariam atrás deles. Dá para pensar que as críticas da Globo não partiram dos "modos" do técnico Dunga nem de uma defesa aos repórteres, mas de uma "ofensa" direta feita pelo técnico, que não respeitou seus naturais "privilégios". E, como talvez fosse de se esperar, na onda das campanhas anti-Globo, internautas ficaram a favor do técnico — "Cala Boca Tadeu Schmidt".
A Globo sente as pressões e o poder da internet, e também sabe de seu próprio poder. Resolve simplesmente ignorar o técnico. Foi-se a era do controle de informações, do meio único, a "era Globo". Eis a era das redes, e, se hoje as campanhas anti-Globo, que nada mais são do que um reflexo de um pensamento coletivo, já têm influência, em 2014, 2018 e cada vez mais, em Copas do Mundo ou no dia-a-dia, terão muito mais. Ou a Globo se põe no seu lugar, no seu novo lugar, ou cairá cada vez mais. Não perdamos os próximos capítulos dessa história... e os próximos tweets.

Vinicius Thomazi

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